O tratamento contra o câncer traz muitas mudanças na rotina do paciente, como alimentares, de convívio social e, em alguns casos, para crianças e adolescentes, afastamento da escola. Para que não haja uma defasagem no aprendizado, existe o Programa SAREH (Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar), desenvolvido pelo governo do estado em apenas 19 hospitais, entre eles, o Hospital do Câncer Uopeccan de Cascavel.
As aulas são ofertadas para os pacientes que, originalmente, estão matriculados no Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano), Ensino Médio, Profissionalizante e Educação de Jovens e Adultos, por uma equipe composta por uma pedagoga Aryadny Neubauer e três professores, nas áreas de Ciências Humanas Marciano kliemann, Linguagens Leila Adriana Virtuoso de Souza e Ciências Exatas Lucimar Aparecida Pagliosa.
Os atendimentos iniciam com uma escuta pedagógica com o aluno e a família, para a coleta de diversas informações, como em qual escola está matriculado, em que série/ano, se está frequentando a escola e se tem alguma dificuldade em aprendizagem, conforme explica a pedagoga Aryadny. “Eles ainda são orientados sobre a importância em dar continuidade aos estudos, mesmo que em tratamento de saúde e afastado temporariamente da escola, pois tanto na Uopeccan quanto em sua casa, terão suporte pedagógico necessário por meio do programa SAREH”.
Depois disso, o contato é feito com a escola de origem do aluno. “A escola é comunicada sobre o tratamento de saúde do mesmo, deste modo a escola, família e equipe pedagógica hospitalar e domiciliar desenvolverão um plano de atendimento personalizado, adaptado e flexibilizado, para que este estudante possa acompanhar os mesmos conteúdos curriculares que os colegas que estão frequentando a escola. Deste modo, quando retornar as aulas ele possa se sentir parte integrante daquela classe, minimizando ao máximo os prejuízos em decorrência do tratamento de saúde e a defasagem dos conteúdos curriculares”.
O processo, é desafiador, mas extremamente importante para que os pacientes tenham acesso à educação de qualidade, permitindo uma aula personalizada de acordo com o perfil do aluno, em que é possível solucionar dúvidas, trabalhar as dificuldades e desenvolver as habilidades, seguindo o conteúdo disponibilizado pela SEED (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte), com aulas que podem durar de 30 a 50 minutos. “Nós temos um currículo a ser seguido. Os professores têm acesso aos planos de aula da SEED e com base nele, vão desenvolver a aula para aquele aluno que está internado”, explica Aryadny.
Rafaéli Petel, 15 anos, passa uma semana em casa e outra no hospital, para as sessões de quimioterapia. Na cidade de origem, Candói, ela cursa o 1º ano do Ensino Profissionalizante em Administração e, no hospital, segue com as matérias de apoio. “Vejo que é importante continuar estudando, pois ajuda no meu desenvolvimento. Ainda que aqui eu não tenha acesso aos conteúdos do estudo profissionalizante, continuo recebendo o conhecimento de outra forma”, afirma.
Além das aulas ofertadas no hospital, pacientes que possuem atestado médico de 90 dias ou mais, têm direito a receber aulas em casa, também como proposta do SAREH. Para isso, o médico(a) que atende o paciente, preenche um formulário autorizando as aulas em casa, se o paciente usa alguma medicação, para que o professor conheça um pouco sobre o aluno.
O processo é todo desenvolvido pela escola de origem do aluno, que encaminha todos os documentos necessários para a SEED, em Curitiba, para uma análise, que vai determinar se o paciente pode ou não receber as aulas em casa.