O segundo mês do ano chegou e com ele, começamos a Campanha Fevereiro Laranja que alerta para a conscientização da Leucemia, também conhecida como o câncer do sangue. Sendo uma doença hematológica, a leucemia surge nos glóbulos brancos, que são as células de defesa do nosso corpo.
No Brasil, o número estimado de casos novos, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 11.540 casos, ou seja, um risco de 5,33 por 100 mil habitantes. Na Uopeccan, de 2020 a 2023, 1.691 pacientes foram atendidos, desse número, 1.465 foram adultos e 226 crianças.
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), existem mais de um tipo de leucemia e suas classificações são baseadas a partir do crescimento da doença, ou seja, podem ser uma leucemia aguda (crescimento rápido) ou crônica (crescimento lento), além de se basear no tipo de célula acometida: células linfoides ou células mielóides.
“As leucemias agudas, de maneira geral, são os tipos que mais apresentam sintomas. Elas têm um efeito mais rápido e o paciente acaba sendo diagnosticado rapidamente, além disso, as leucemias agudas, geralmente, são mais graves. Já as leucemias crônicas têm um curso mais lentificado e, na grande maioria das vezes, o diagnóstico do paciente é feito ao acaso”, explicou a médica hematologista da Uopeccan, Gabrielle Garcia.
Para exemplificar e trazer, ainda mais, informações sobre a leucemia, o INCA classifica os tipos da seguinte maneira:
Assim como outros tipos de câncer, a leucemia, quando descoberta precocemente, tem mais chances de cura. Portanto, é importante que todos fiquem atentos aos sinais e sintomas, conforme esclarecidos pela doutora Gabrielle, “quando a gente fala de leucemia aguda, os principais sintomas são inespecíficos, isto é, eles podem estar presentes em uma série de doenças, como uma fraqueza, fadiga, uma sensação de cansaço, palidez, um sangramento, principalmente sangramento de mucosas, ou seja no nariz. Também pode ter sangramento de gengiva, manchas roxas pelo corpo sem ter batido ou machucado, febre em determinados tipos de leucemia, ínguas pelo corpo, principalmente, na região aqui do pescoço, axilas, virilha”.
Ainda segundo a médica, caso a pessoa se depare com alguns desses sintomas é, imprescindível, que o mesmo busque atendimento médico para ser avaliado de uma forma mais completa e descartar ou não, a leucemia, já que os sinais podem ser confundidos com outros problemas de saúde.
É necessário ressaltar que a leucemia pode acometer crianças e adultos, a única diferença são os tipos que costumam acometer cada um. “Quando a gente fala em crianças, a grande maioria delas se apresenta com a forma aguda da doença, enquanto nos adultos o mais comum é a forma crônica. Falando de leucemias agudas, especificamente na criança, a chance de cura é muito maior, pois ela responde muito melhor ao tratamento. Claro, levando em consideração quando o diagnóstico é feito de maneira precoce. Já o adulto, com a leucemia aguda, o tratamento tende a ser mais difícil”, explicou a hematologista, Gabrielle Garcia.
Ao contrário de outras neoplasias, a leucemia, infelizmente, não pode ser prevenida, pois de acordo com a médica, não têm fatores de risco bem estabelecidos como o câncer de pulmão, por exemplo, que a pessoa consegue prevenir não fumando ou ainda, o câncer de pele, que com o uso de protetor solar, chapéus e menos exposição ao sol, conseguimos evitar o aparecimento da doença.
Mesmo assim, existem indícios que se acredita estarem associados ao desenvolvimento da doença, segundo a doutora, Gabrielle: “o tabagismo, a exposição a agrotóxicos e a alguns elementos químicos, como o formol, o benzeno presente na gasolina, por exemplo, e a exposição prévia a outras quimioterapias. Então o paciente que já fez um tratamento para câncer com quimioterapia tem um risco aumentado de desenvolver leucemia no futuro, mas são fatores de riscos que a gente não consegue bater o martelo, como a gente consegue com alguns outros tipos de câncer”.
Considerando essa incerteza de fatores de risco, o melhor caminho sempre será o diagnóstico precoce. Por isso, é a hematologista enfatiza, mais uma vez, a necessidade de estar sempre atento: “ficar atento ao sinas e sintomas, manter a saúde em dia, fazer checkups com frequência, principalmente, os profissionais expostos aos elementos químicos. Assim, a gente consegue detectar o mais precocemente possível, porque o tempo entre o diagnóstico e o tratamento faz toda a diferença”.
Se for detectada a doença, o tratamento será definido a partir do tipo da leucemia e estágio da mesma. Afinal, cada organismos é de um jeito e é necessário respeitar as particularidades de cada paciente.
Levando em consideração que cada paciente receberá um tratamento, o transplante de medula óssea ocorrerá da mesma forma, ou seja, nem todos que têm leucemia, necessariamente, terão que realizar o procedimento.
“A gente realiza o transplante de medula naqueles pacientes que têm uma leucemia de alto risco, o que isso significa? É uma leucemia que a gente sabe que a chance de curar apenas com a quimioterapia é mais baixa, então, através de alguns exames se faz o diagnóstico da doença e da sua característica. Se já sabe que aquela leucemia é de bom prognóstico, isso é com uma chance boa de cura, fazemos o tratamento apenas com a quimioterapia. Caso contrário, o paciente deverá fazer um transplante de medula para que se aumente a chance de cura”, esclareceu a hematologista, Dra. Gabrielle Garcia.